domingo, 16 de dezembro de 2007


na pressa a semana finda

contente menino corre

cedinho menino nina

a cor da menina
janela na manhã

cantinho na manhã


na pressa a semana finda
contente menino corre
cedinho menino nina
a corda menina

janela na manhã
cantinho na manhã

céu aberto em vento

é dia de cheiro

colinho para a gente ser azul


céu aberto em vento

é dia de cheiro

colinho para a gente ser feliz


com a tarde vaicomo a tarde vem, meu bem


WESCLEY J. GAMA


Esse poema-canção do músico currais-novense Wescley J. Gama foi classificado para as finais do II MpBeco, Festival de Música do RN realizado pelo Beco da Lama.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


Poema de Maria Elina:


Quando a luz de Paulo Afonso
chegou em sua terra natal,
Maria dos Prazeres
voltou do Pará (onde havia deitado ofício de prostituta) para cuidar de seus pais já bem velhos
já bem velhos seus pais,
bem velhos...

Maria Elina Carvalho

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

WESCLEY J. GAMA é o vencedor do VII Concurso Luís Carlos Guimarães de Poesia

Foto: Alex Gurgel


Lendo alpendres, respirando montanhas, costurando a noite, a poesia se expande nas malhas do cotidiano. Na tez camurçada da palavra, é possível descortinar afetos e colecionar doçuras, mesmo sob tetos arranhados de telhas antigas, pétalas murchando e barro disforme. A poesia é dormência e mornura, desejo e gelos tinindo, partida e lembrança.

Na poética do currais-novense Wescley J. Gama, a palavra é feita de barro. Moldado através de brancas mãos arteiras, o barro de seu dizer inquieto surge menineiro, com cafés ninados por homens a caminho da olaria e tardes penteadas por chuvas. A palavra de Wescley é incandiosa, matreira, lampejo em noite escura, disfarçando, através de uma sorrateira simplicidade, os ecos de uma voz poderosa, voz de sertão, cheiros emanados de imagens cuja sensibilidade faz aflorar cactos. É, por exemplo, a sensação que brota de manhãzinha:

toda vez que a lenha estalava no fogo
o cheiro do café gritava,
acordando todo mundo.

Como não se sentir parte deste universo, como não partilhar desse arrepio de versos que dizem do cotidiano de toda a gente?! Os poros se abrem festivos para a combustão solene da poesia, mas não qualquer poesia, e sim a que é espaço para a transcendência do verbo, para a transformação do barro.
A qualidade poética do fazer artístico de Wescley J. Gama merece o reconhecimento dos currais-novenses, pois assim já o foi em âmbito estadual. Um conjunto de dez poemas de sua autoria, dentre os quais manhãzinha, foi premiado no VII Concurso Luís Carlos Guimarães de Poesia, promovido pela Fundação José Augusto, órgão cultural de maior importância do RN.

Essa é uma prova irrefutável de que, no fazer poético desse currais-novense, há uma condensação lírica de teores múltiplos, que merecem ser lidos, ouvidos, sentidos e aplaudidos, porque respinga morenezas e empresta gentilezas no transcorrer lúcido dos dias, dentro da noite e do sonho, fazendo da poesia uma caixa de Pandora, da qual se espera que brote um tempo cheio de aguardos e cores novas.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Poema de Luma Carvalho

Starry Night, Van Gogh


de olhos vendados
hoje
a lua
nem flagrou
minha alma nua...

LUMA CARVALHO

Este poema é um dos que compõem a performance poética "Chuva de Versos", representada pelo Grupo Casarão de Poesia.



quarta-feira, 24 de outubro de 2007

2ª Noite da Poesia

O Grupo Casarão de Poesia convida toda a comunidade para participar do segundo encontro do projeto “Noite da Poesia”, sábado, 27 de outubro de 2007, às 19:30 hs, na Casa de Cultura, em Currais Novos, com entrada franca. Durante o evento haverá a apresentação do Grupo Casarão, performances poéticas, recital livre, além de sorteio de livros e apresentações musicais.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

GRUPO CASARÃO DE POESIA


Sob o telhado encardido do casarão da universidade, gerações de alunos, amigos e amantes fizeram ecoar palavras, sementes intensas que brotaram de vozes a declamar, aos quatro ventos, a paixão pela Poesia.

Em mágica recordação dos tempos universitários, alguns amigos uniram-se em torno de um ideal: fazer ressurgir a força viva e pulsante da Poesia, que, relegada à poeira das estantes, não mais fazia repercutir, entre os paralelepípedos de Currais Novos, o seu doce devaneio, a sua desafiadora aflição.

Os saraus poéticos foram surgindo espontaneamente... Mas o primeiro momento marcante da Poesia explodindo em nossos poros aconteceu na virada do ano de 2006 quando, reunidos sob a pedra do Cruzeiro, lançamos pedra, parto e poesia às luzes tímidas da cidade de Currais Novos, que se faziam mar em pleno sertão.

Nem sabíamos distinguir a importância daquele momento, a demarcar o início de uma trajetória de sensibilização e multiplicação de sabores e saberes. Mas a semente havia sido plantada. E germinava.

No transcurso de 2006, outros encontros floresceram. A casa dos amigos se transmudava em abrigo de palavras se espalhando pelas paredes, esgueirando-se entre copos de vinho e se eternizando nas cordas dos violões.

Outros lugares também nos foram ninho, como o Espaço Avoante de Cultura, onde, em 25 de novembro daquele ano, à luz de lamparinas, a Poesia foi estrela.

Foi este também o chão de onde brotou o ano de 2007. No Avoante, um ano novo se inaugurou prometendo luz diferente aos nossos olhos, sangue novinho derramado em canções e corações. A esta altura, já éramos conscientes de que a nossa missão ultrapassava as fronteiras da amizade... O nosso amor pela Poesia seria capaz de florescer cactos e enfeitar de sensibilidade esses Currais esquecidos de cultura.

Já estávamos batizados: Grupo Casarão de Poesia. Ana Lúcia Henrique, Elina Carvalho, Gianote Araújo, Iara Carvalho, Luma Carvalho, Paula Érica e Wescley J. Gama. Um grupo prestes a realizar um momento sem precedentes na história da cultura currais-novense. A comemoração do Dia da Poesia, que aconteceu em 24 de março de 2007.
Um momento mágico, de puro deleite poético. Oficinas, mini-cursos, palestras, saraus, músicas, vida pulsando em cada rosto iluminado pelo poder doce e incandioso da palavra, essa pedra de escândalo, esse sonho dos céus.

Após esse instante de epifania completa, várias performances poéticas foram apresentadas, a magia precisava ser partilhada, multiplicada, e, de mãos dadas com a vida, o Grupo Casarão de Poesia segue, somando anseios, incandescendo horizontes, dissolvendo distâncias, apaziguando corações.

A Poesia é nossa arma, calibre grosso, porte de ouro, quinhão de luz brilhando no topo do céu. Compartilhe desse gosto de sonho conosco! Seja mais um verso desse poema sem fim que escrevemos com amor nas páginas dessa cidade, desse mundo.
E viva a Poesia!