segunda-feira, 19 de novembro de 2007

WESCLEY J. GAMA é o vencedor do VII Concurso Luís Carlos Guimarães de Poesia

Foto: Alex Gurgel


Lendo alpendres, respirando montanhas, costurando a noite, a poesia se expande nas malhas do cotidiano. Na tez camurçada da palavra, é possível descortinar afetos e colecionar doçuras, mesmo sob tetos arranhados de telhas antigas, pétalas murchando e barro disforme. A poesia é dormência e mornura, desejo e gelos tinindo, partida e lembrança.

Na poética do currais-novense Wescley J. Gama, a palavra é feita de barro. Moldado através de brancas mãos arteiras, o barro de seu dizer inquieto surge menineiro, com cafés ninados por homens a caminho da olaria e tardes penteadas por chuvas. A palavra de Wescley é incandiosa, matreira, lampejo em noite escura, disfarçando, através de uma sorrateira simplicidade, os ecos de uma voz poderosa, voz de sertão, cheiros emanados de imagens cuja sensibilidade faz aflorar cactos. É, por exemplo, a sensação que brota de manhãzinha:

toda vez que a lenha estalava no fogo
o cheiro do café gritava,
acordando todo mundo.

Como não se sentir parte deste universo, como não partilhar desse arrepio de versos que dizem do cotidiano de toda a gente?! Os poros se abrem festivos para a combustão solene da poesia, mas não qualquer poesia, e sim a que é espaço para a transcendência do verbo, para a transformação do barro.
A qualidade poética do fazer artístico de Wescley J. Gama merece o reconhecimento dos currais-novenses, pois assim já o foi em âmbito estadual. Um conjunto de dez poemas de sua autoria, dentre os quais manhãzinha, foi premiado no VII Concurso Luís Carlos Guimarães de Poesia, promovido pela Fundação José Augusto, órgão cultural de maior importância do RN.

Essa é uma prova irrefutável de que, no fazer poético desse currais-novense, há uma condensação lírica de teores múltiplos, que merecem ser lidos, ouvidos, sentidos e aplaudidos, porque respinga morenezas e empresta gentilezas no transcorrer lúcido dos dias, dentro da noite e do sonho, fazendo da poesia uma caixa de Pandora, da qual se espera que brote um tempo cheio de aguardos e cores novas.

6 comentários:

Moacy Cirne disse...

Já o parabenizei n'A Taberna. Volto a fazê-lo aqui. Um abraço.

Marina disse...

Parabéns a Wescley!

Eu vi os poemas em sua coluna na Diginet, Iara. São lindíssimos! (Que surpresa boa essa sua coluna lá!)

E que união boa por aqui neste casarão. Irei sempre acompanhar.

Beijos a todos. :)

Theo G. Alves disse...

que beleza o Casarão com blogue!!

e finalmente está dito e diplomado: esse rapaz é mesmo dos melhores poetas do estado! sempre disse isso e agora temos o título do LCG pra passar escritura.

Wescley, sua poesia é mesmo voz única, meu velho!

um grande abraço!

Moacy Cirne disse...

Oi, tem surpresa pra vocês no Balaio. Abraços.

Luma Carvalho disse...

e conquista muito mais que merecida...tua poesia assim como você, wescley,são únicas e tem um sabor especial...você sabe que te adoro e te admiro muito! ainda mais agora depois de ter ofertado a nós e ao mundo, ao lado de minha irmã iara,a mais linda poesia: iago...

beijos na alma
sempre
com sabor de "xixi e cocô de bebezinho recém-chegado em tuas/nossas vidas"

luciana
luma
lua

Moacy Cirne disse...

Oi, há uma surpresa pra vocês no Balaio de hoje. Abraços.