quinta-feira, 7 de maio de 2009

Lar literário cresce no sertão do seridó




Grupo Casarão de Poesia floresce em Currais Novos e abre as portas para a literatura potiguar


Eles não se preocupavam com o clima, com o ambiente ou com o horário, só queriam manifestar a paixão incondicional pela literatura. Os encontros cada vez mais instigantes e a vontade de expressar a palavra fizeram com que Wescley J. Gama, Iara Carvalho, Elina Carvalho, Luma Carvalho e Paula Érica fundassem o Grupo Casarão de Poesia. Nome assim batizado devido aos encontros informais entre esses amigos num antigo casarão do Campus da UFRN na cidade de Currais Novos, no interior do Rio Grande do Norte.

Segundo Iara Carvalho, uma das mais importantes poetisas da região, as raízes desse movimento se encontram em 2006. Desde esse ano, eles passaram a ter consciência de que a missão ultrapassava a amizade. “O nosso amor pela Poesia seria capaz de florescer cactos e enfeitar de sensibilidade esses Currais esquecidos de cultura”, diz o texto de nascimento do Casarão.

A partir daí, separações e esquecimentos foram banidos do dicionário desse grupo e nada mais seria capaz de impedir o crescimento e a expansão dos movimentos literários. Prova disso é que do Casarão, poetas já foram premiados e homenageados, como Wescley Gama, vencedor do 4º Concurso de Poesia Zila Mamede, realizado em 2008. Nessa edição, foram 96 inscritos de mais de 15 municípios do Estado e o poeta currais-novense conseguiu se destacar. No ano anterior, aliás, o primeiro lugar ficou com a própria Iara, esposa de Wescley.

Dessa maneira, o visível destaque que os poetas currais-novenses têm recebido traduz o considerável respeito adquirido no cenário intelectual norte-rio-grandense, tanto através das premiações como nos numerosos convites para apresentações. “Esses reconhecimentos demonstram que a poesia de Currais Novos está no caminho certo”, afirma Wescley Gama.Por sinal, a grande expectativa do Casarão é a de se tornar uma ONG, o que, sem dúvidas, facilitará os investimentos de capital privado e público, já que o fato de atuarem informalmente traz inúmeras limitações, como a participação em editais de cultura e em programas sociais. Entretanto, Iara Carvalho deixa claro que “o pouco que conseguimos, seja um brilho nos olhos de uma criança ou o sorriso tímido de um idoso, já é para nós um grande presente”.

Noites de poesia

As chamadas “Noites de Poesia” engrandecem o trabalho desses amigos poetas. Diz respeito a encontros bimestrais com apresentações musicais, recitais livres e performances poéticas, onde “corpos e vozes se misturam num universo lúdico e interativo de versos falados e cantados lançados ao mundo”, completa Luma Carvalho.

Ponto de Leitura

No final de 2008, o Ministério da Cultura abriu o Edital do Ponto de Leitura – Edição Machado de Assis – com o objetivo de premiar iniciativas culturais já existentes que estivessem interligadas a prática da leitura. O grupo resolveu se inscrever e acabou tendo o reconhecimento que desejavam. Tornar-se um Ponto de Leitura significa receber recursos financeiros do Governo Federal, afim de maximizar a propagação dos trabalhos e acrescentar o acervo já existente. O Casarão será agraciado com cerca de 500 livros, além de gibis doados por Maurício de Sousa, e todo o mobiliário básico para o funcionamento da sala de leitura - computador, mesa, cadeira, pufs, almofadas, estantes, etc. A partir dessa conquista, a expectativa gira em torno do funcionamento do Ponto de Leitura Casarão de Poesia na parte de trás da Fundação Cultural "José Bezerra Gomes", numa sala muito aconchegante rodeada de plantas e céu sertanejo.

Mídia

A necessidade de colocar o grupo em contato com outras possibilidades de interação com o mundo torna-se cada vez mais apurada. Essas alternativas vêm se manifestando através da criação de blogues e informativos, das apresentações Noites de Poesia, da participação do grupo em eventos externos e das divulgações realizadas por importantes veículos municipais e estaduais, como rádios, programas de TV, jornais e revistas.

Texto criado por Maríllia Graziella, aluna de Jornalismo na UFRN.